sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


RECURSOS ERGOGÊNICOS NUTRICIONAIS
I PARTE


SEGUNDO ALVES, 2002 Durante toda a história da humanidade o homem tem buscado recursos que possam melhorar a performance. Nos tempos modernos, a suplementação tem sido apontada como possível recurso para se atingir esse objetivo sem os efeitos colaterais das drogas e até mesmo como contribuinte para uma melhor saúde, além do desempenho.

WILLIAMS e BRANCH (1998) definiram a palavra “ergogênico” como “substâncias ou artifícios utilizados visando a melhora da performance”, sendo derivada de duas palavras gregas: ergon, que significa trabalho, e gennan, que significa produção.

Os ergogênicos podem ser classificados em cinco categorias de “ajuda”: (a) nutricional, (b) farmacológica, (c) fisiológica, (d) psicológica e (e) biomecânica e mecânica.

Ergogênicos Nutricionais

Os ergogênicos nutricionais servem principalmente para aumentar o tecido muscular, a oferta de energia para o músculo e a taxa de produção de energia no músculo.

Os nutrientes estão envolvidos com os processos geradores de energia por meio de três funções básicas: (a) alguns deles são utilizados como fonte de energia; (b) alguns regulam os processos através dos quais a energia é produzida no corpo; e (c) alguns promovem o crescimento e desenvolvimento dos tecidos corporais.

Uma alimentação adequada é fundamental para que consigamos atingir a performance esportiva ótima. Se sua alimentação é deficiente em um determinado nutriente que é utilizado fundamentalmente para a produção de energia durante o exercício, sua performance será prejudicada. Ou seja, se sua dieta for equilibrada, sendo composta por alimentos variados, você não estará sujeito a uma deficiência nutricional, que poderia vir a prejudicar a sua performance esportiva.

Os nutrientes podem ser agrupados em seis diferentes classes:
carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, minerais e água. Geralmente, o carboidrato é utilizado como fonte de energia. A gordura fornece energia e também faz parte da estrutura da maioria das células. A proteína desempenha uma série de papéis, sendo necessária para: (a) formação, crescimento e desenvolvimentos de tecidos corporais; (b) formação de enzimas que regulam a produção de energia; e (c) geração de energia, principalmente quando os estoques de carboidratos estão baixos. As vitaminas regulam os processos metabólicos trabalhando como enzimas. Muitos minerais também estão envolvidos com a regulação do metabolismo, mas alguns também contribuem com a formação da estrutura do nosso corpo como um todo (ex.: o cálcio atua como constituinte do tecido ósseo). Finalmente, a água compõe a maior parte do nosso peso corporal e ajuda a regular uma variedade de processos metabólicos.

Todos os nutrientes estão envolvidos com a produção de energia de uma maneira ou de outra, porém alguns nutrientes específicos são especialmente importantes para atletas, cujas taxas de produção de energia podem aumentar significativamente durante o exercício
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

glutamina



A glutamina é o aminoacido livre mais abundante no plasma e no tecido muscular. Nutricionalmente é classificada como um aminoácido não essencial, uma vez que pode ser sintetizada pelo organismo a partir de outros aminoácidos. A glutamina esta envolvida em diferentes funções, tais como a proliferação e desenvolvimento de células, o balanço acidobasico, o transporte da amônia entre os tecidos, a doação de esqueletos de carbono para a gliconeogenese, a participação no sistema antioxidante e outras.



Em situações de elevado catabolismo muscular, como após exercícios físicos intensos e prolongados, a concentração de glutamina pode tornar-se reduzida. A menor disponibilidade desse aminoácido pode diminuir a resistência da célula a lesões, levando a processos de apoptose celular. Por essas razoes a suplementação com L-glutamina, tanto na forma livre, quanto como dipeptideo, tem sido investigada. Alguns aspectos bioquímicos, metabólicos e mecanismos moleculares da glutamina, bem como os efeitos de sua suplementação, são abordados no presente trabalho.

Quando uma célula é exposta a algum tipo de estresse, são desencadeadas respostas intracelulares, com o objetivo de proteger a célula de uma possível lesão. Essa resposta tem inicio com a redução transitória da síntese de proteínas consideradas não vitais, A Glutamina colabora no reparo de estruturas na molécula protéica e na identificação e remodelamento de proteínas danificadas durante períodos de estresse. Evidenciam experimentais indicam que o aumento da disponibilidade de glutamina as células pode aumentar a expressão das HSPs, o que mantem a capacidade da célula em resistir a lesões (31).

Suplementações com glutamina

Estudos nos quais a L-glutamina foi administrada de forma parenteral demonstraram que a maior oferta desse aminoácido as células pode atenuar sua redução no plasma ou no meio intracelular ocorrido apos eventos de estresse metabólico ou enfermidades, tais como dengue(43), cancer(44), HIV(45), queimaduras, cirurgias(44,46), entre outros. Nesses estudos, a utilização de glutamina tem sido correlacionada com melhora na recuperação dos pacientes(2,46,47).

Dechelotte et al.(48) verificaram que, no estado pos-absortivo, a suplementação oral com glutamina em indivíduos saudáveis e sedentários promoveu aumento na concentração de glutamina e glutamato plasmaticos. Em atletas no estado de repouso, Castell e Newsholme(49) observaram que a concentração plasmática de glutamina aumentou cerca de 30 minutos apos a ingestão oral de uma solução com L-glutamina (100mg/kg de peso corporal), podendo retornar aos valores basais no decorrer de aproximadamente duas horas.

Em indivíduos fisicamente ativos, Bowtell et al.(50) verificaram o efeito da suplementação oral com L-glutamina sobre a glutaminemia e os estoques de glicogênio muscular, apos sessão de exercício intenso de corrida. A suplementação (8g de glutamina em 330mL de água) aumentou a concentração plasmática de glutamina durante o período de recuperação em 46%, o que permite inferir que uma substancial proporção de glutamina administrada oralmente escapou da utilização por parte das células da mucosa intestinal e da captação pelo rim e fígado.



Uma vez que células do sistema imune necessitam de glutamina para a manutenção de suas funções e o exercício físico induz o aumento da atividade dessas células, a correlação entre glutamina e sistema imune tem sido estudada(2,6). Especula-se que a redução da disponibilidade de glutamina, ocorrida apos exercícios intensos e prolongados possa, de alguma forma, estar envolvida no desenvolvimento de doenças, em especial, as infecções do trato respiratório superior (ITRS)(19). A suplementação com L-glutamina tem sido estudada como alternativa de atenuar ou mesmo de reverter tais eventos induzidos pelo exercício físico (tabela 1)(6,51). Castell et al.(52) investigaram o efeito da suplementação com L-glutamina (5g em 330mL de agua) logo após a realização de uma maratona. A concentracao de glutamina, alanina e ACR mantiveram-se diminuída por ate uma hora apos a realização da maratona, retornando aos valores pre-exercício somente 16 horas mais tarde. Algumas citosinas, tais como a IL-2 e o TNF-tiveram suas concentrações plasmáticas aumentadas por varias horas apos o exercício, o que denota um marcante estado inflamatório induzido pelo exercício. A suplementação com L-glutamina, contudo, não alterou nenhum dos parâmetros analisados.

Varnier et al.(62) observaram que a administração parenteral de glutamina, apos exercício de alta intensidade, promoveu o aumento dos estoques de glicogênio muscular, fato que pode beneficiar a recuperação da lesão induzida pelo exercício exaustivo.

O aumento do volume celular, contudo, não e o único mecanismo pelo qual a glutamina pode influenciar outros sistemas envolvidos na homeostasia celular, tais como o sistema antioxidante. No meio intracelular, a glutamina pode sofrer hidrolise e elevar a disponibilidade de glutamato, que e essencial para a síntese do principal antioxidante celular, a GSH(17). Indivíduos apos ser submetidos a eventos de estresse metabólico, tais como cirurgias na região abdominal, foram suplementados, de forma parenteral, durante três dias com L-glutamina. Os resultados mostraram que a intervenção com L-glutamina atenuou a depleção muscular de GSH, o que beneficiou a recuperação dos pacientes( 46). A forma de administração pode influenciar o metabolismo da glutamina, bem como a síntese de GSH. De fato, Valencia et al.(47), quando investigaram os efeitos da suplementação com L-glutamina, porem por via oral, em humanos sedentários, não observaram aumento na concentração de GSH plasmática.

Conclusão
A Glutamina tem demonstrado ser um potente agente na reparação de tecidos lesionados, seja através de exercícios intensos, ou em decorrência de algumas doenças. Porém as pesquisas têm demonstrado que a administração de Glutamina por via oral é praticamente ineficiente, pois boa parte desta é eliminada pelo trato intestinal o que não acontece quando a administração é realizada pela forma parenteral.