quarta-feira, 13 de maio de 2015




I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular.
Santos R.D., Gagliardi A.C.M., Xavier H.T., Magnoni C.D., Cassani R., Lottenberg A.M. et al. Sociedade
Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arq Bras Cardiol.
2013;100(1Supl.3):1-40
Hoje está claro que diferentes padrões dietéticos modulam diferentes aspectos do processo aterosclerótico e fatores de risco cardiovasculares, como níveis lipídicos (GORDURA) no plasma, resistência a insulina e metabolismo glicídico, pressão arterial, fenômenos oxidativos, função endotelial e inflamação vascular. Consequentemente, o padrão alimentar interfere na chance de eventos ateroscleróticos.
O consumo de gordura saturada e trans é classicamente relacionado com elevação do LDL-c (COLESTEROL RUÍM) plasmático e aumento de risco cardiovascular. A substituição de gordura saturada da dieta por mono e poli-insaturada é considerada uma estratégia para o melhor controle da hipercolesterolemia e consequente redução da chance de eventos clínicos.
A importância dos carboidratos (CH) na gênese da doença cardiovascular também deve ser ressaltada. É amplamente aceito que a ingestão aumentada de CH, especialmente os de rápida absorção, favorece um desequilíbrio entre a oferta de lipídeos e os demais nutrientes, possibilitando o estabelecimento de hipercolesterolemia. Além disso, o elevado consumo de carboidratos refinados exerce efeito direto no excesso de peso e desenvolvimento da obesidade. (DÊ PREFERÊNCIA POR ALIMENTOS COM BAIXO INDICE GLICÊMICO E INTEGRAIS)
De acordo com Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2008-2009, comparada à mesma pesquisa realizada em 2002- 2003, a evolução do consumo de alimentos no domicílio indica aumento na proporção de alimentos industrializados, como pães (de 5,7% para 6,4%), embutidos (de 1,78% para 2,2%), biscoitos (de 3,1% para 3,4%), refrigerantes (de 1,5% para 1,8%) e refeições prontas (de 3,3% para 4,6%)7. Em relação à distribuição de macronutrientes, o perfil atual mostra que 59% das calorias estão representadas por carboidratos; 12%, por proteínas; e 29%, por lipídeos. Nas regiões economicamente mais desenvolvidas (Sul, Sudeste e Centro- Oeste) e, de modo geral, no meio urbano e entre famílias com maior renda, existe consumo elevado de gorduras, em especial as saturadas.( É IMPORTANTE LEMBRARMOS QUE NOS ÚLTIMOS ANOS, AUMENTOU CONSIDERAVELMENTE O NÚMERO DE CRIANÇAS OBESAS. DEVEMOS RESSALTAR QUE ESTE PÚBLICO NÃO POSSUI RENDA, OU SEJA, A CULPA DA OBESIDADE NOS PEQUENOS É DOS PAIS QUE “ENTOPEM” A GELADEIRA E ARMÁRIOS COM GULOSEIMAS. SE OS PAIS NÃO POSSUEM BONS HÁBITOS, COMO QUERER QUE SEUS FILHOS OS TENHAM? NÃO ESQUEÇAM QUE OS EXEMPLOS VALEM MAIS QUE MIL PALAVRAS).
Quanto maior o rendimento das famílias, maior o consumo de gorduras e menor o de carboidratos. A contribuição mínima de 55% de carboidratos para as calorias totais não se cumpre para a classe de renda mensal superior a 15 salários mínimos, com o agravante de que cerca de 30% dos carboidratos da dieta nessa classe de renda correspondem a açúcares simples (açúcar de mesa, rapadura, mel e açúcares adicionados a alimentos processados).
Em relação às gorduras, o limite máximo de 30% das calorias totais é ultrapassado a partir da classe de renda mensal de mais de seis salários mínimos. Gorduras saturadas tendem a aumentar com a renda, e o limite para esse nutriente (10% das calorias totais) é alcançado na classe de renda mensal entre 10 e 15 salários mínimos (9,5%), e ultrapassado na classe de mais de 15 salários mínimos (10,6% das calorias totais). O limite máximo de 10% de calorias oriundas de açúcares é ultrapassado em todas as classes de rendimentos. Somado a esses aspectos, outras características negativas dos padrões de consumo alimentar em todo o país e em todas as classes de renda são a participação insuficiente de frutas (2,0%) e verduras e legumes (0,8%) na alimentação.
Nos 34 anos decorridos de 1974-1975 a 2008-2009, a prevalência de excesso de peso em adultos aumentou em quase três vezes no sexo masculino (de 18,5% para 50,1%) e em quase duas vezes no sexo feminino (de 28,7% para 48,0%). No mesmo período, a prevalência de obesidade aumentou em mais de quatro vezes para homens (de 2,8% para 12,4%) e em mais de duas vezes para mulheres (de 8,0% para 16,9%). Aumentos contínuos na prevalência do excesso de peso e da obesidade entre homens ocorrem também em todas as regiões brasileiras.
OBS: As citações em "caixa alta" não fazem parte da Diretriz, são de responsabilidade do Professor Júnior.