quarta-feira, 20 de maio de 2015

FIBROMIALGIA.


A fibromialgia é uma síndrome que tem como característica dor músculo esquelética difusa em sítios sensíveis à palpação, chamados tender points (Haun et al, 2001; Pollak, 1999). Ela é considerada uma síndrome, uma vez que engloba várias manifestações que podem ocorrer simultaneamente em diferentes indivíduos. Fibro é derivado do latim, e significa ligamentos, tendões, tecido fibroso. O radical mio, que vem do grego, significa tecido muscular. Ainda do grego, algos significa dor e ia uma condição. Portanto, fibromialgia significa uma condição dolorosa que provém de tendões, ligamentos e músculos (Prando e Rogatto,2006).

A dor é considerada difusa porque abrange pontos acima e abaixo da cintura, tanto do lado direito quanto esquerdo do corpo. Estes pontos dolorosos estão dispostos bilateralmente, tanto na porção anterior quanto posterior do corpo, sendo nove pontos do lado direito e nove do lado esquerdo, totalizando 18 pontos de dor.

 Ela não consiste de uma doença inflamatória nem gera comprometimentos articulares ou causa deformidades. Contudo, considerando seu caráter crônico, a fibromialgia causa impacto negativo na qualidade de vida de seus portadores.

De acordo com Pollak (1999), Haun et al (2001), a teoria mais aceita no meio científico é a de que esta síndrome é causada por uma alteração nos mecanismos de modulação da dor, ou seja, uma disfunção do sistema nervoso central (SNC) em regular a sensibilidade dolorosa. Com isso, o individuo.
pode apresentar uma diminuição dos níveis de serotonina (neurotransmissor
do sistema descendente inibitório) e um aumento dos níveis de substância P
(substância neuroexcitatória envolvida na condução da dor) no SNC.


De acordo com Cavalcanti et al. (2006), a fibromialgia acomete de 0,66% a 4,4% da população dependendo da característica do grupo, sendo mais prevalente em mulheres do que em homens, principalmente na faixa etária entre os 30 e 60 anos. Pelo estudo de Pollak (1999), o grupo etário mais acometido está entre os 35 e 50 anos de idade, sendo predominantemente mulheres, independente da etnia. Já Haun et AL (2001) e Antônio (2001) destacam que essa síndrome tem ocorrência desde a infância até em adultos entre 60 e 70 anos. Seu diagnóstico é feito geralmente entre os 40 e 50 anos, sendo que os sintomas surgem por volta dos 29 aos 37 anos, com uma média de 9,3 anos entre o início dos sintomas e o diagnóstico da doença (Antônio, 2001).


Embora em alguns casos haja a necessidade de lançar mão de medicamentos
para o controle dos sintomas relacionados à fibromialgia, as alternativas
não-medicamentosas podem apresentar algumas vantagens para o indivíduo
fibromiálgico. Em relação aos métodos não medicamentosos de tratamento
da fibromialgia, especialistas recomendam a terapia cognitivo-comportamental, a eletroacupuntura e a hipnoterapia.
Além desses, alguns pesquisadores têm analisado os efeitos do exercício sobre o quadro do portador da síndrome. Assim, a administração de programas de atividade física pode consistir na terapia mais indicada aos pacientes portadores de fibromialgia, devido a seu grande efeito analgésico. Além disso, a prática de exercícios físicos pode proporcionar melhora do condicionamento físico e outros benefícios físicos, psicológicos e sociais.

Programas de treinamento físico aeróbio e de força muscular têm induzido melhora de quadros depressivos em indivíduos com depressão clínica (Brosse et al., 2002; Dunn, Trivedi e O’Neal, 2001). Além disso, favorecimento no perfil de sono pode ser observado pela prática crônica de esforço (King, 1997; Singh, 1997). Isto se torna importante já que indivíduos portadores de FIBROMIALGIA tendem devido a  dor, desenvolverem quadro depressivo e perda da qualidade e volume do sono.

EXERCÍCIOS E FIBROMIALGIA.




Os exercícios físicos têm sido indicados como coadjuvan­tes no tratamento para a redução dos sintomas da FIBROMIALGIA, pois promovem efeitos analgésicos e antidepressivos, além de pro­porcionar sensação de bem-estar, redução da fadiga e ansie­dade, e autocontrole. Duas teorias explicam esses efeitos positivos: a) a primeira sustenta a hipótese que a prática de exercícios físicos eleva, entre outras substâncias, os níveis de serotonina e endorfina , que estão ligados a nocicepção da dor e que se encontram diminuídos em pessoas com FM; b) a segunda, a termogênica, sugere que o aumento da tempera­tura corporal tenha efeito tranquilizante (Plante  ET AL., 1990 e Matthew ,2001).


Revisões sistemáticas sobre o assunto têm apontado evidências de que o treinamento aeróbio, prescrito em intensidades recomendadas para aumentar a aptidão cardiorrespiratória, promove importantes benefícios para fibromiálgicos, tanto em relação a aspectos de função física quanto para os níveis de dor (Busch et al., 2008). Os mesmos autores destacam que programas de treinamento de força apresentam evidências limitadas quanto à melhora da sintomatologia dolorosa, bem-estar global, função física e tender points. Dentre os trabalhos que abordaram os efeitos de programas de flexibilidade, não estão estabelecidas influências da atividade física sobre o
estado depressivo ou tender points de pacientes com fibromialgia (Jones, 2002). Mais estudos comparando treino de for­ça e alongamento são necessários, mas ambos são seguros e podem ser prescritos Valim, 2006.

Os exercícios aeróbios são os mais utilizados nos experi­mentos que pretendem verificar os efeitos sobre os sintomas da FM.. Há, porém, relatos de intervenções com exercícios de força Valim, 2006. e também intervenções com exercícios de flexibilidade, geral­mente realizados de 8 a 20 semanas de duração, mostrando efeitos terapêuticos Valim, 2006.

De acordo com Valim (2006), programas de atividades com intensidades
de moderada a alta, definidos como aqueles capazes de elevar a frequência
cardíaca até a frequência do limiar anaeróbio, foram os que conseguiram benefícios clínicos mais significativos, reduzindo o limiar de dor e os sintomas psicoafetivos, tais como, estresse, depressão e ansiedade em seus praticantes.

Voltamos a lembras que devido ao fato que normalmente esta população, possuir um baixo nível de condicionamento físico, os programas de treinamento devem evoluir gradativamente. Em relação ao treinamento de FORÇA – MUSCULAÇÃO, isto é de suma importância, pois existe o fator de dor tardia, ou seja, é comum que algumas pessoas sintam desconforto muscular em especial 24 a 48 horas após as primeiras sessões de treino. Sendo assim é importante não confundir possível dor muscular tardia a uma piora da dor Fribromialgica.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES:


Bres­san et AL,. 2008 destacam que a adesão, ou seja, a continuidade da prática do exercício físico, é a melhor maneira de se prolongar os ganhos terapêuticos para pacientes com FM.
Em alguns casos, o controle de sintomas da fibromialgia, tais como fadiga, depressão, ansiedade, e vitalidade perma­necem por pelo menos seis meses após a intervenção com exercícios físicos Cedraschi  et,al, 2004. Valim, 2006. verificou que os benefícios associa­dos aos exercícios aeróbios (intensidade de 65 a 70% da fre­quência máxima) se manifestam geralmente a partir de dez semanas de prática.

Gimenes et al, analisaram o efeito de quatro meses do método Watsu (terapia física realizada em flutuação na água, que alterna massagem e alongamento) em pacientes com FM e evidenciaram diminuição significativa da intensidade da dor e melhora do quadro depressivo. Mannerkorpi e Iversen, 2001 re­alizaram um estudo sobre exercícios aeróbios, flexibilidade e relaxamento na água, e verificaram melhora no desempenho aeróbio, capacidade física, sociabilidade, dor, fadiga e estresse em indivíduos com FM.

Van Santen et al.2002 estudaram 37 mulheres, onde um gru­po realizou exercícios de alta intensidade (força, alongamento e exercício na bicicleta ergométrica) e o outro grupo realizou exercícios de baixa intensidade (força, alongamento e dança aeróbia), ocorrendo uma melhora estatisticamente significa­tiva”. no bem estar geral (de aproximadamente 1 ponto em numa escala visual analógica, que varia de 1 a 10) no primeiro grupo, que realizou exercícios de alta intensidade, comparado com o grupo de baixa intensidade.

Já Assis et al.2000 estudaram 60 mulheres, divididas em dois grupos: um grupo realizou caminhada em piscina aquecida e o outro grupo realizou caminhada ou corrida no solo. Como resultado do estudo ocorreu uma redução significativa da dor (em média 36%) em ambos os grupos após 15 semanas de estudo.

PROCURE SEMPRE A ORIENTAÇÃO DE UM PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A PRESCRIÇÃO E ACOMPANHAMENTOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS.